Sunday, December 14, 2008

às 22:05 a campainha tocou...

Às 22:05 a campainha tocou e os primeiro convidados chegaram!

A ideia de fazer uma festa no nosso apartamento já estava no ar há bastante tempo, mas finalmente no fim de semana passado, depois de uma noite tardia de copos e enquanto estávamos no autocarro No1 a ir para casa, decidimos que a festa finalmente aconteceria este fim de semana, na 6a feira!

Convidamos todas as pessoas que conhecemos e como seria de esperar nem todas puderam aparecer, mas mesmo assim conseguimos reunir diferentes grupos de amigos (algo que nunca tinhamos feito antes) num total de 13 nacionalidades - Portugal, Suécia, Australia, Espanha, Italia, França, Suiça, Servia, Marrocos, Lituania, Brasil, Romenia e Irão. Tal como numa típica festa sueca, cada pessoa trouxe uma bebida para contribuir para os níveis de álcool, e claro que com tanta garrafa, muitas ficaram por abrir o que é sempre um bónus para os anfitriões! :) Além das bebidas, cada um dos convidados trouxe também uma prenda de Natal para participar na troca de presentes que também tivemos (muito natalicio, sim senhor!).

Foi uma festa como tantas outras, com muita palhaçada, pessoas novas para se conhecer, álcool, musica, um ou outro gajo estranho com quem ninguém fala, umas quantas raparigas engraçadas com quem toda a gente quer falar e pessoal bêbedo (eu?), ou seja, o sinonimo de umas quantas horas bem passadas!

Tal como em todas as casas suecas, o pessoal teve que andar descalço mas fiquei por identificar quem era o gajo (ou gaja) que me obrigou a abrir a porta da varanda para arejar melhor o apartamento!

A meio da festa, o meu chefe decidiu passar pela festa para ver o que se passava! :) Escusado será dizer que por essa altura já tinha entornado (acidentalmente!!!) alguns copos pela minha goela abaixo, mas é sempre nobre e digno tentar parecer completamente sóbrio quando é óbvio que assim não o é! Quando o meu chefe começou a puxar conversa sobre trabalho, identifiquei a rapariga mais gira q estava num raio de 3 metros (sim, elas gostam de se manter perto de mim!), agarrei-a pelo braço e apresentei-lhe o meu chefe! :)

Interessante foi também conhecer uma rapariga italiana que disse trabalhar em estatísticas de fertilidade para a UE, mas que depois de uns dedos de conversa revelou que a sua especialidade era os níveis de humidade das vaginas europeias(bastante interessante, fiquei fã!). Ela fez questão de me dizer que os homens portugueses têm um pénis com uma dimensão dentro da média europeia e que os suecos eram os que estavam melhor munidos... Fiquei por lhe perguntar se ela tinha chegado a estes números através de experiência pessoal ou se os leu em algum lado....

Perto das 4 da manhã os últimos sobreviventes da festa foram para casa e eu fui para os meu lençóis. O dia seguinte foi de limpeza e para efeitos de curiosidade aqui ficam as fotografias do "antes" e do "depois" da festa. As fotos do "durante" foram censuradas!

Thursday, December 4, 2008

Costa

Aqueles que já conheceram pessoal de outros países, sabem que a fonética da língua portuguesa é de difícil compreensão para a estrangeirada.

Problemas em pronunciar o "ão", "lho", "nho", "rr", "r" são bastante comuns e isto realmente aborrece quando se tenta ensinar algumas palavras divertidas, como por exemplo aquelas que acabam em "lhão"!
Depois há aquela coisa de comermos as vogais no fim de cada palavra, e se pensarem bem no assunto até é verdade... na generalidade das línguas, as vogais são bastante abertas (italiano e espanhol são um bom exemplo disso), mas no caso do português um "o" no fim de uma palavra lê-se "u" e é tão curto que por vezes, para quem não está habituado, soa como como um "e" fechado.
Por fim chega a minha característica favorita do português, a impressão de que metemos uns "x"s pelo meio das palavras que dizemos e, mais uma vez, é a mais pura das verdades. Por exemplo, a palavra "gajas" (que bela palavra), em espanhol ler-se-ia "gájaze", mas em português lê-se "gajaxe", isto é, muitos dos nossos "s"s são realmente lidos como um curto "x".
Misturando todas estas características, há quem diga que o português é semelhante ao russo e aliás, até já houve um espanhol que pensou que eu era polaco ou russo quando me ouviu falar em português (no comments.....).

Depois desta curta dissertação sobre a fonética da língua portuguesa (será que posso ganhar um prémio Nobel à pala disto?) chega finalmente o meu nome, "Rui". Sim, todos vocês estão a pensar "que sorte! que nome tão porreiro!", eu sei, mas no estrangeiro é um nome complicado de se ter. :)
Quando se lê "Rui", muitos pensam que é um nome chinês ou indiano por ser curto e esquisito (acho que estas 2 palavras são-me também familiares em outras ocasiões!) e depois fica-se sempre na dúvida se está mal escrito ou se falta alguma letra pelo meio. Se escrito já é um nome estranho, então pronunciado pior é. Quando me apresento "Hi, I'm Rui" há 2 hipóteses: ou a pessoa pede para repetir ou então tenta disfarçar um ar indignado de quem está a pensar "porra, o que é que ele disse?!?!?". Inúmeras são as situações que tenho que repetir o meu nome e que explicar que é um nome português e que por acaso até é bastante popular em Portugal. Passando para o dia-a-dia, tenho a dizer que poucas são as pessoas que realmente pronunciam o meu nome como deve ser, tanto mais que já me adaptei quando me chamam coisas parecidas (!)...
De modo a evitar mal-entendidos e conversa desnecessária, chega ao absurdo de haver casos que prefiro dar um nome falso (Michael - sinto-me um verdadeiro fora-da-lei quando o faço!!!!), quando por exemplo estou a reservar mesa num restaurante ou a pedir um táxi!

Depois desta explicação toda, é finalmente agora que aparece o "Costa"! (Mas quem é o Costa, pá?) Tudo começou em França, quando um colega meu australiano, irritado pelo facto de não conseguir pronunciar o meu nome devidamente, perguntou-me pelo meu último nome, "Carrilho"! Acontece que Carrilho ainda é mais complicado de pronunciar do que Rui e por haver um grande jogador de futebol, de qualidade mundialmente reconhecida e um grande benfiquista, de nome Rui Costa (!), assim foi... um grupo de amigos passou a chamar-me de Costa. É mais fácil de pronunciar, é curto (mas não esquisito!) e além do mais, permite a quem o pronuncia dar uma achega portuguesa e pronuncia-lo "Coxta" dando uma certa piada ao nome. Acontece que este tipo que me apelidou de Costa também veio para a Suécia e com ele trouxe a minha alcunha atrás! Neste momento já existo como "Costa" em contactos de telemóvel e há quem pense que é esse o meu verdadeiro nome!

"Costa", ora aqui está a história de mais uma das minhas alcunhas!

Monday, December 1, 2008

Um fim de semana de ursos

Esta 6a feira poderia ter sido mais uma das tantas 6as feiras em que se vai para o trabalho com a excitação do fim de semana, mas ao contrário de tantos outros fins de semana, a minha excitação era outra, o Johnny Gil... :)

Às 19:30 estava a sentar-me na fila da frente de um avião da RyanAir rumo a Berlim. Não foi preciso muito para topar que a hospedeira morena e girinha de nome Liliana era portuguesa, mas foi a hospedeira calmeirona polaca quem me deu mais conversa. Cada vez percebo melhor o fetish por hospedeiras de voos, especialmente se as imaginar num avião despenhado, cobertas de sangue e a dar uso ao colete amarelo salva-vidas e às máscaras de oxigénio (!).

Chegado a Berlim, além do Johnny tinha o Tiago e a K à minha espera, o fim de semana prometia....
Depois de uma noite de actualização de conversas (gajas e Benfica), o dia seguinte foi de visita. O Johnny fez questão de nos levar ao seu restaurante favorito, como também a ver as grandes obras públicas de uma cidade moderna como é Berlim. Depois de vermos algumas paredes baleadas (o que mais há para ver em Berlim?) demos a nossa visita turística por terminada e decidimos voltar para casa do para beber Martini e comer pistachos. O Johnny vive num prédio novo, bastante limpo e agradável, um achado!

A hora de jantar chegou e lá estavamos nós num restaurante indiano a celebrar os anos do João. Com o objectivo de acabar cedo a noite e despachar os seus amigos, o Johnny optou por levar o pessoal a um bar para beber absinto puro... O resultado foi imediato e, como esperado, passado pouco menos de 1 hora já não havia sobreviventes. Com a promessa de hungaras roliças fomos levados para o "razzia in budapest" para acabar a noite (reparem bem no poster que está na parede junto a mim... acho que a pessoa que tirou esta foto estava a querer dizer-nos qualquer coisa...).

Curada a ressaca, o próximo dia foi de visita ao El Corte Ingles lá do sitio e de uma busca interminável por waffles que nunca chegaram a ser encontradas.

Horas depois estava eu de novo no avião, desta vez sem a Liliana mas com a certeza de um fim de semana bem passado.

Sunday, November 23, 2008

Tirar as botas do armário

Ontem foi o dia de tirar as botas do armário!

Esteve a nevar a noite toda e o resultado foi Estocolmo acordar com 1 palmo de neve em cima! Além da neve e frio (talvez uns -3 graus), o céu esteve quase limpo o que tornou o dia bastante agradável! Numa de aproveitar o dia (sim, porque às 3 da tarde já é de noite!) fui dar um passeio pela cidade e como eu, todos os "estocolmenses" (esta palavra não existe, mas para além de rimar com Belenenses, soa-me bem!) foram para a rua! Apesar do frio, muitos dos locais não se sentem ameaçados e vão para a rua com ténis, com casacos de Outono e muitas das raparigas de mini-saia(!).

Claro que o frio é algo relativo, mas também é uma questão de hábito. Sempre que ligo para casa e digo que aqui estão -5 graus a minha mãe responde-me "aqui também está muito frio, à noite não se pode sair de casa".... Claro que se eu estivesse na Sibéria e dissesse que estavam -40 graus e que já tinha perdido a ponta do nariz, o comentário da minha mãe seria o mesmo....

A neve em si é bonita. A cidade fica coberta de branco, a luminosidade aumenta, as crianças brincam e constroem bonecos de neve e só falta mesmo os passarinhos a cantar, mas esses a esta hora já devem ter morrido todos de frio... Com a neve vêm também as camadas de gelo que se formam nos passeios e que obrigam um gajo a ser patinador artístico, a lama que se acumula nas estradas e o facto de mastigarmos neve sempre que um rajada de vento vem na nossa direção.

Enfim, o Inverno está aí...

Wednesday, November 19, 2008

A queda de um mito

Hoje tenho más noticias.... Vou contar-vos algo que será umas das maiores desilusões da vossa vida, logo a seguir a terem-lhes dito que o Pai Natal não existia.

O que vos quero dizer é que... como dizer isto... mmmm.... ok, aqui vai..... as suecas não são assim tão boas! (caiu a bomba e nesta altura estão a reler o que escrevi para terem a certeza que leram bem!) Esta afirmação, digna de iniciar uma 3a Guerra Mundial, não é fácil de engolir e o nosso cérebro reage imediatamente libertando hormonas de perplexidade para a nossa corrente sanguínea, algo semelhante ao que acontece quando o Nuno Gomes falha escandalosamente um golo de baliza aberta.... dizemos "eeeeeehhhhhh, f$%&-se", levantamo-nos do sofá, mudamos de canal e vamos até à janela apanhar um pouco de ar. Felizmente aqui não podem mudar de canal, mas podem ir apanhar um pouco de ar se precisarem.

Confirma-se que a sueca é muito agradável à vista e concordo com vocês, que nada melhor que ver uma loirinha de olhos azuis, alta e magrinha, de mini-saia e botas altas a andar na nossa direcção como se estivesse a filmar um anúncio para a Pantene. Mas se é dito que a mulher portuguesa tem o seu bigodinho (infelizmente ainda não encontrei nenhuma com o meu corte de bigode preferido à Artur Jorge), há que fazer justiça e dizer que a loira sueca também tem os seus "contras".
Anatomicamente as suecas são altas e magrinhas, algo que agrada a toda a gente, mas há que falar de outros pormenores que passam despercebidos durante os primeiros 30 segundos que olhamos babados para elas.

Não vou fazer comparações ou falar da falta de formas redondas na mulher Escandinávia (é um facto!), o que vos quero contar é algo que apenas um olho atento, minucioso e tarado como o meu consegue captar!
As suecas na sua grande maioria são loiras o que significa que têm cabelo e pelo loiro. Até aqui tudo bem, até ao momento que se descobre que elas têm que pintar todos os dias as pestanas e sobrancelhas para não serem confundidas com o Boris Becker ou com o Niki Lauda. É difícil de imaginar e também eu nunca tinha reflectido nas consequências de tal coisa, mas posso dizer que tira um pouca da graça às moças. Verdade seja dita que isto não acontece com todas e felizmente existe maquilhagem para resolver o assunto, mas também a nossa maratonista Fernanda Ribeiro era patrocinada pela Gillette.

Com isto não quero dizer que a mulher sueca não é agradável, antes pelo contrário, apenas quero despromove-la do patamar de excelência que a maioria das pessoas as coloca... Afinal as suecas, apesar de bastante bonitas e vistosas, também têm a sua dose de "artificialidade" e extendendo a minha opinião digo que uma portuguesa bonita dificilmente arranja rival à altura.

Tuesday, November 11, 2008

7:20

7:20, o despertador toca...

Depois de 3 ou 4 snoozers abro a persiana do quarto, olho para as janelas dos meus vizinhos na esperança de encontrar uma vizinha jeitosa (que não existe!), semi-nua a tomar o pequeno almoço e a sorrir para mim estilo anuncio de televisão... O velho do 3º andar do prédio da frente está a olhar para mim e lembro-me o quão inconveniente é sortear a próxima eliminatória da taça de Portugal à janela. Saio do banho, tomo os meus cereais e faço o meu habitual check antes de sair de casa: "chaves, telemóvel, carteira, passe de metro, livro no bolso, ok!". Carrego no botão do elevador, "f&%#-se, esqueci-me do cachecol".

Meto-me a caminho da estação de metro e há sempre aquele exercício mental que se faz se o dia de hoje está mais frio do que o dia de ontem.... "talvez não, mas está mais vento". Desço as escadas do metro e sou contageado pelo andar apressado dos que me rodeiam e debruço-me na tentativa de olhar para o "placar" que indica o tempo que falta para o próximo metro (alta tecnologia!). O metro chega, tento arranjar lugar, mas só existe um lugar livre ao lado de um gajo que não inspira grande confiança e que está a ocupar lugar e meio com a perna aberta. 2 paragens depois estou em t-centralen onde depois de uma empolgante descida de escadas a cada 2 degraus (isto não é para todos... no entanto continuo a ser ultrapassado pelo estilo da passada curta saltitante) troco para a linha azul em direcção a Hallonbergen (literalmente traduzido quer dizer montanha das framboesas).

Finalmente consigo arranjar um lugar, 2 indianos sentam-se ao meu lado (a Ericsson fica na paragem a seguir à minha) e passado 1 paragem uma sueca de 16 anos senta-se à minha frente. Eu leio o meu livro (ao mesmo tempo pondero que se calhar em vez de 16 ela tem 18 anos), ela olha para a o reflexo da janela e os indianos estão em conversa acesa e excitante e, apesar de estarem a falar inglês, não percebo nada, "se calhar estão a falar de uma nova receita de caril", penso eu. A rapariga levanta-se na estação a seguir e um sueco calmeirão deita olho ao lugar vago e não perdoa. Este gajo tem pernas compridas e tenho que me encolher para evitar os joelhos do viking calmeirão... Volto de novo ao meu livro e na estação seguinte reparo que nos assentos da frente está uma sueca jeitosa.... viro mais uma página e sinto os ossos do Micael (mais de 50% dos suecos têm este nome) na minha perna e ele não parece minimamente incomodado. Isto é normal neste país, parece que pouca gente se incomoda que a sua perna ou braço faça parte da mobília do vizinho do lado. Sou obrigado a colar as minhas pernas à parede da carruagem e ao mesmo tempo penso que na próxima vez que vir o suecão grandalhão vou espetar o meu dedo (ou outro membro fálico) na orelha do gajo, para ver se ele se importa ou não!

Fiquei distraído e tenho que voltar ao inicio da página onde estava, mas antes disso olho de novo para a sueca girinha à minha frente. É a quarta vez que olho e ela apesar de estar mesmo à minha frente ainda não olhou para mim. Passo a mão pela cara, "porra, não fiz a barba hoje", serve de desculpa. Finalmente chego a Hallonbergen, olho para o relógio e reparo que já estou atrasado. Um sueco com quem tive uma reunião há uns meses atrás está atrás de mim, então apresso o passo para não ter que fazer conversa de elevador no caminho de 5 minutos que me separa da minha secretária. Passo pelo supermercado e cheira a frango assado. Depois de 2 mini-corta-matos sou o primeiro do pelotão a chegar ao meu edifício. Entro pelas traseiras, é mais directo, mas a porta além de precisar de cartão (só depois de ouvir o "bip-bip" é que o trinco abre), é pesada para caraças.

Finalmente cheguei, "porra, outra vez atrasado....".

Friday, October 24, 2008

Indianos

Desta vez vou começar por um aparte.... Não sei se alguma vez pensaram no assunto, mas "índio" e "indiano" são palavras muito parecidas e em inglês escrevem-se da mesma maneira, "indian", e esta confusão foi toda gerada pelo Cristovão Colombo que quando chegou à América, ao pensar que tinha chegado à Índia, chamou índios aos nativos (chiça, ainda bem que a coroa portuguesa despachou este gajo... se calhava o gajo ir à Amadora, ainda ia pensar que tinha chegado a Kinshasa)...

Neste post, vou falar dos indianos originários da Índia e com quem tenho partilhado algumas experiências profissionais durante o último ano.

Pessoal porreiro, baixinhos, bigodaça aparada, ténis do basket, camisas dos anos 60 e sempre afáveis é a imagem do típico indiano ou indiana (bigode incluído). O espanto vem depois quando os conhecemos melhor!
O choque cultural é evidente... casamentos arranjados, castas, vacas sagradas, Bollywood, mais de 1500 línguas (muitos deles têm que falar inglês entre eles) e muito caril distinguem as nossas culturas!

Nesta semana chegou um indiano novo, o Manish (não se preocupem, o Maniche ainda continua no Atlético de Madrid!), para trabalhar no nosso projecto. Antes dele por cá já passaram outros 4 ou 5 num sistema rotativo de 3 meses.
O recém-chegado intrigado com um problema na aplicação decidiu vir ter comigo para esclarecer o assunto - sim, os novos como ainda não me conhecem pensam que eu percebo alguma coisa daquilo que ando para ali a fazer! Com toda a minha boa vontade expliquei-lhe o problema e a solução, à qual ele reagiu tombando freneticamente a cabeça sobre os seus ombros. Para quem não sabe, esta é a maneira de os indianos abanarem a cabeça afirmativamente... para quem não está habituado, à primeira vista, parece que o gajo está a ouvir o "Cai Neve em Nova York" do José Cid, mas eu, como já passei por esse período de aprendizagem, já nem estranho.
Voltando à história... depois de lhe ter esclarecido a questão e de ter aquela sensação de satisfação de quem ajudou um colega, o Manish, 20 segs depois, veio ter novamente comigo para fazer uma outra pergunta que mostrava claramente que não tinha percebido nada daquilo que eu lhe tinha acabado de explicar. Este é um dos problemas principais dos indianos, dizem que sim a tudo mesmo quando pensam o contrário...

Mais uma vez expliquei-lhe o problema, desta vez mais devagar e usando a aplicação que estava no meu monitor como exemplo... Enquanto estavamos a discutir o problema (sem grande sucesso!), reparei que sempre que o Manish apontava e "dedava" o meu monitor fazia-o sempre com o dedo médio asteado, isto é, adoptando a posição tipica de mandarmos o pessoal para o c%#$lhinho! Não apenas por uma mão, mas tanto com a direita como com a esquerda, o meu monitor estava a ser violado!!! Quem me conhece sabe que estas situações desconcentram-me e em vez de estar atento ao que o nosso amigo estava a dizer, estava a simplesmente a seguir os seus dedos a aterrar no meu monitor. Juntando o ridículo da situação à minha mente idiota, passados 15segs cheguei àquela fase em que só apetece rir, mas que um gajo tenta disfarçar bocejando, coçando o lábio, olhando para o lado ou então fingindo que se está a rir de algo que está a acontecer na mesa do lado.

No fim disto tudo e passados mais de 20mins fui incapaz de esclarecer o meu colega e infelizmente, a verdade é esta, muitos indianos são pouco qualificados e apenas são colocados no mercado por serem mão-de-obra barata o que na maioria das vezes não significa qualidade.

Mas nem tudo é mau, ao longo destas experiências consegui desenvolver algumas amizades e partilhar conhecimentos, tais como mostrar-lhes que Portugal não fica em África, que em Portugal existem pessoas mais claras do que eu e que existem outras comidas para além do caril. Por outro lado fiquei fã do conceito de casamento indiano em que na cerimonia de casamento o marido ata uma corda à mulher (estilo trela!) e fiquei a saber que não é razão para alarme quando pessoas são esmigalhadas por elefantes, roubadas por macacos ou sufocadas em templos indianos!

Ora aqui está bom um exemplo de troca de cultura entre povos!

Sunday, October 12, 2008

Suécia 0 - 0 Portugal

Hoje foi dia de jogo Suécia - Portugal. Através de uma associação de portugueses na Suécia consegui 2 bilhetes, um para mim e outro para o meu "flatmate" (companheiro de apartamento soa um bocado gay....) australiano, Sam. Hora e meia antes do jogo apanhamos o metro e fomos para o estádio. Perdidos no meio da multidão segui o cântico "olé, olé e esta merda é toda nossa, olé" para encontrar a secção e entrada dos adeptos portugueses. Passada uma meia hora estavamos dentro do estádio, numa das bancadas laterais do estádio de Solna.

Na Europa existem 2 tipos de emigrantes portugueses. O primeiro, é aquele tipo como eu que saiu há pouco tempo de Portugal, principalmente de Lisboa, que em geral é mais pacato e com idade compreendida entre os 25 e 35 anos. Expressões como "fixe" e "boa onda" são normais e bem entendidas. O outro emigrante saiu de Portugal há 30 anos atrás, geralmente vindo do norte do país e que aínda traz a cultura dos anos 70! Se falarmos dos "Morangos com Açucar" pensa que estamos a falar de algum filme da Bo Derek e tem a grande felicidade de não saber quem é o José Castelo Branco ou a Lili Caneças.

Atrás de mim estava um grupo dos tais emigrantes dos 30 anos atrás, 2 deles munidos de bigode à Artur Jorge e todos eles não dispensaram de um bucha de pão com queijo ao intervalo. Durante o jogo, muitas vezes gritavam "Nej!", reagiam ao que era dito em sueco nos microfones do estádio e ainda pensavam que o Fernando Meira era jogador do Benfica. Estes e tantos outros cantaram por 2 ou 3 vezes "olé, olé e quem não salta é lampião, olé" (prova a minha teoria da quantidade de tripeirada que emigrou) e ao intervalo ainda conseguiram contagiar grande parte dos emigras a cantarolar o malhão malhão!

À minha frente estavam suecos misturados com portugueses. Alguns deles eram portugueses que estavam a levar os seus filhos (já nascidos na Suécia) ao futebol e dos que vi, todos os putos vestiam a camisola de Portugal, mas além de falarem sempre em sueco, também gritavam "Sverige" e excitavam-se quando a Suécia criava uma ocasião de perigo. De assinalar é algo que o Sam constatou... Haviam muitos tipos portugueses com suecas, mas nunca portuguesas com suecos... Ele, além de ver o jogo, estava distraído a tentar confirmar a teoria da mulher portuguesa com bigodaça, algo que tenho que falar num post futuro.

Por falar em senhoras, há que salientar que a moldura humana feminina era bastante agradável.... Muitas louras de uma qualidade bastante respeitável espalhadas pelo estádio, de certo uma distracção para quando estava algum jogador lesionado no chão. (reparem que tive que me conter para usar uma linguagem cortês, porque o que apetece dizer é que as suecas são boas para caraças e que todo o homem devia ter direito a uma sueca).

Algo que se diz e eu confirmo é o facto de os emigrantes sentirem Portugal de uma forma bastante intensa e o momento de cantar o hino nacional foi um momento arrepiante.
Quanto ao resultado, 0-0, infelizmente há pouco a comentar...

Sunday, October 5, 2008

De volta

Tinha feito a promessa que apenas voltaria a escrever num blog meu quando o Benfica ganhasse um campeonato, mas como o Benfica não ajuda e como tudo o que digo nem sempre é verdade, aqui estou eu de novo a adiocinar mais uns bytes de lixo ao mundo dos blogs!

Foi uma decisão difícil escolher o que iria escrever neste primeiro post, mas simplesmente decidi começar por escolher uma situação que me aconteceu 2 dias atrás, no dia do jogo Benfica-Nápoles.

Não sei se acontece o mesmo com vocês, mas sempre que estou à frente de um espelho e de preferência sozinho, gosto de fazer caretas, imitar outras pessoas ou então em dias de jogo do Benfica, gosto de fazer de conta que faço parte da claque e sussurro "Força Benfica!" para o espelho ao mesmo tempo que levanto a minha mão esquerda e a direcciono para a frente (cuidado para não confundir com saudações germânicas). Tudo isto com uma expressão agressiva na minha cara como se quisesse desfazer o adversário em migalhas! Até aqui tudo normal (?), mas poderá ser algo embaraçoso caso sejam surpreendidos no meio de um "Força Benfica" em plena casa de banho sueca!

No meu trabalho, tal como em toda a Suécia, as casas de banho são individuais, ou seja aqui não existem paredes decoradas de urinois e como tal não tenho que me preocupar em esconder o meu microfone dos olhos alheios do tipo do urinol vizinho! Assim, quando se entra na casa de banho, fecha-se a porta e tudo corre bem, a excepção aconteceu esta 5a feira quando fui à casa de banho apenas para lavar as mãos e por ser algo rápido e que não exige privacidade, não fechei a porta...
Depois de lavar as mãos, seca-las e dar um toque no meu cabelo (!), decidir fazer um "Força Benfica!" exactamente no momento que um sueco (felizmente não o conheço) abriu a porta pensando que a casa de banho estava livre! Não sei se ele se apercebeu o que é que se estava a passar ali, mas o gajo apenas disse "urskta" (desculpe em sueco) e pirou-se dali o mais depressa possível!

Obviamente que fiquei embaraçado, não por ter sido apanhado no meio de um "Força Benfica!", mas porque provavelmente o gajo não ouviu o "Benfica!" e deve ter pensado que eu era um fã do Hammarby :)