Sunday, November 23, 2008

Tirar as botas do armário

Ontem foi o dia de tirar as botas do armário!

Esteve a nevar a noite toda e o resultado foi Estocolmo acordar com 1 palmo de neve em cima! Além da neve e frio (talvez uns -3 graus), o céu esteve quase limpo o que tornou o dia bastante agradável! Numa de aproveitar o dia (sim, porque às 3 da tarde já é de noite!) fui dar um passeio pela cidade e como eu, todos os "estocolmenses" (esta palavra não existe, mas para além de rimar com Belenenses, soa-me bem!) foram para a rua! Apesar do frio, muitos dos locais não se sentem ameaçados e vão para a rua com ténis, com casacos de Outono e muitas das raparigas de mini-saia(!).

Claro que o frio é algo relativo, mas também é uma questão de hábito. Sempre que ligo para casa e digo que aqui estão -5 graus a minha mãe responde-me "aqui também está muito frio, à noite não se pode sair de casa".... Claro que se eu estivesse na Sibéria e dissesse que estavam -40 graus e que já tinha perdido a ponta do nariz, o comentário da minha mãe seria o mesmo....

A neve em si é bonita. A cidade fica coberta de branco, a luminosidade aumenta, as crianças brincam e constroem bonecos de neve e só falta mesmo os passarinhos a cantar, mas esses a esta hora já devem ter morrido todos de frio... Com a neve vêm também as camadas de gelo que se formam nos passeios e que obrigam um gajo a ser patinador artístico, a lama que se acumula nas estradas e o facto de mastigarmos neve sempre que um rajada de vento vem na nossa direção.

Enfim, o Inverno está aí...

Wednesday, November 19, 2008

A queda de um mito

Hoje tenho más noticias.... Vou contar-vos algo que será umas das maiores desilusões da vossa vida, logo a seguir a terem-lhes dito que o Pai Natal não existia.

O que vos quero dizer é que... como dizer isto... mmmm.... ok, aqui vai..... as suecas não são assim tão boas! (caiu a bomba e nesta altura estão a reler o que escrevi para terem a certeza que leram bem!) Esta afirmação, digna de iniciar uma 3a Guerra Mundial, não é fácil de engolir e o nosso cérebro reage imediatamente libertando hormonas de perplexidade para a nossa corrente sanguínea, algo semelhante ao que acontece quando o Nuno Gomes falha escandalosamente um golo de baliza aberta.... dizemos "eeeeeehhhhhh, f$%&-se", levantamo-nos do sofá, mudamos de canal e vamos até à janela apanhar um pouco de ar. Felizmente aqui não podem mudar de canal, mas podem ir apanhar um pouco de ar se precisarem.

Confirma-se que a sueca é muito agradável à vista e concordo com vocês, que nada melhor que ver uma loirinha de olhos azuis, alta e magrinha, de mini-saia e botas altas a andar na nossa direcção como se estivesse a filmar um anúncio para a Pantene. Mas se é dito que a mulher portuguesa tem o seu bigodinho (infelizmente ainda não encontrei nenhuma com o meu corte de bigode preferido à Artur Jorge), há que fazer justiça e dizer que a loira sueca também tem os seus "contras".
Anatomicamente as suecas são altas e magrinhas, algo que agrada a toda a gente, mas há que falar de outros pormenores que passam despercebidos durante os primeiros 30 segundos que olhamos babados para elas.

Não vou fazer comparações ou falar da falta de formas redondas na mulher Escandinávia (é um facto!), o que vos quero contar é algo que apenas um olho atento, minucioso e tarado como o meu consegue captar!
As suecas na sua grande maioria são loiras o que significa que têm cabelo e pelo loiro. Até aqui tudo bem, até ao momento que se descobre que elas têm que pintar todos os dias as pestanas e sobrancelhas para não serem confundidas com o Boris Becker ou com o Niki Lauda. É difícil de imaginar e também eu nunca tinha reflectido nas consequências de tal coisa, mas posso dizer que tira um pouca da graça às moças. Verdade seja dita que isto não acontece com todas e felizmente existe maquilhagem para resolver o assunto, mas também a nossa maratonista Fernanda Ribeiro era patrocinada pela Gillette.

Com isto não quero dizer que a mulher sueca não é agradável, antes pelo contrário, apenas quero despromove-la do patamar de excelência que a maioria das pessoas as coloca... Afinal as suecas, apesar de bastante bonitas e vistosas, também têm a sua dose de "artificialidade" e extendendo a minha opinião digo que uma portuguesa bonita dificilmente arranja rival à altura.

Tuesday, November 11, 2008

7:20

7:20, o despertador toca...

Depois de 3 ou 4 snoozers abro a persiana do quarto, olho para as janelas dos meus vizinhos na esperança de encontrar uma vizinha jeitosa (que não existe!), semi-nua a tomar o pequeno almoço e a sorrir para mim estilo anuncio de televisão... O velho do 3º andar do prédio da frente está a olhar para mim e lembro-me o quão inconveniente é sortear a próxima eliminatória da taça de Portugal à janela. Saio do banho, tomo os meus cereais e faço o meu habitual check antes de sair de casa: "chaves, telemóvel, carteira, passe de metro, livro no bolso, ok!". Carrego no botão do elevador, "f&%#-se, esqueci-me do cachecol".

Meto-me a caminho da estação de metro e há sempre aquele exercício mental que se faz se o dia de hoje está mais frio do que o dia de ontem.... "talvez não, mas está mais vento". Desço as escadas do metro e sou contageado pelo andar apressado dos que me rodeiam e debruço-me na tentativa de olhar para o "placar" que indica o tempo que falta para o próximo metro (alta tecnologia!). O metro chega, tento arranjar lugar, mas só existe um lugar livre ao lado de um gajo que não inspira grande confiança e que está a ocupar lugar e meio com a perna aberta. 2 paragens depois estou em t-centralen onde depois de uma empolgante descida de escadas a cada 2 degraus (isto não é para todos... no entanto continuo a ser ultrapassado pelo estilo da passada curta saltitante) troco para a linha azul em direcção a Hallonbergen (literalmente traduzido quer dizer montanha das framboesas).

Finalmente consigo arranjar um lugar, 2 indianos sentam-se ao meu lado (a Ericsson fica na paragem a seguir à minha) e passado 1 paragem uma sueca de 16 anos senta-se à minha frente. Eu leio o meu livro (ao mesmo tempo pondero que se calhar em vez de 16 ela tem 18 anos), ela olha para a o reflexo da janela e os indianos estão em conversa acesa e excitante e, apesar de estarem a falar inglês, não percebo nada, "se calhar estão a falar de uma nova receita de caril", penso eu. A rapariga levanta-se na estação a seguir e um sueco calmeirão deita olho ao lugar vago e não perdoa. Este gajo tem pernas compridas e tenho que me encolher para evitar os joelhos do viking calmeirão... Volto de novo ao meu livro e na estação seguinte reparo que nos assentos da frente está uma sueca jeitosa.... viro mais uma página e sinto os ossos do Micael (mais de 50% dos suecos têm este nome) na minha perna e ele não parece minimamente incomodado. Isto é normal neste país, parece que pouca gente se incomoda que a sua perna ou braço faça parte da mobília do vizinho do lado. Sou obrigado a colar as minhas pernas à parede da carruagem e ao mesmo tempo penso que na próxima vez que vir o suecão grandalhão vou espetar o meu dedo (ou outro membro fálico) na orelha do gajo, para ver se ele se importa ou não!

Fiquei distraído e tenho que voltar ao inicio da página onde estava, mas antes disso olho de novo para a sueca girinha à minha frente. É a quarta vez que olho e ela apesar de estar mesmo à minha frente ainda não olhou para mim. Passo a mão pela cara, "porra, não fiz a barba hoje", serve de desculpa. Finalmente chego a Hallonbergen, olho para o relógio e reparo que já estou atrasado. Um sueco com quem tive uma reunião há uns meses atrás está atrás de mim, então apresso o passo para não ter que fazer conversa de elevador no caminho de 5 minutos que me separa da minha secretária. Passo pelo supermercado e cheira a frango assado. Depois de 2 mini-corta-matos sou o primeiro do pelotão a chegar ao meu edifício. Entro pelas traseiras, é mais directo, mas a porta além de precisar de cartão (só depois de ouvir o "bip-bip" é que o trinco abre), é pesada para caraças.

Finalmente cheguei, "porra, outra vez atrasado....".