Friday, October 24, 2008

Indianos

Desta vez vou começar por um aparte.... Não sei se alguma vez pensaram no assunto, mas "índio" e "indiano" são palavras muito parecidas e em inglês escrevem-se da mesma maneira, "indian", e esta confusão foi toda gerada pelo Cristovão Colombo que quando chegou à América, ao pensar que tinha chegado à Índia, chamou índios aos nativos (chiça, ainda bem que a coroa portuguesa despachou este gajo... se calhava o gajo ir à Amadora, ainda ia pensar que tinha chegado a Kinshasa)...

Neste post, vou falar dos indianos originários da Índia e com quem tenho partilhado algumas experiências profissionais durante o último ano.

Pessoal porreiro, baixinhos, bigodaça aparada, ténis do basket, camisas dos anos 60 e sempre afáveis é a imagem do típico indiano ou indiana (bigode incluído). O espanto vem depois quando os conhecemos melhor!
O choque cultural é evidente... casamentos arranjados, castas, vacas sagradas, Bollywood, mais de 1500 línguas (muitos deles têm que falar inglês entre eles) e muito caril distinguem as nossas culturas!

Nesta semana chegou um indiano novo, o Manish (não se preocupem, o Maniche ainda continua no Atlético de Madrid!), para trabalhar no nosso projecto. Antes dele por cá já passaram outros 4 ou 5 num sistema rotativo de 3 meses.
O recém-chegado intrigado com um problema na aplicação decidiu vir ter comigo para esclarecer o assunto - sim, os novos como ainda não me conhecem pensam que eu percebo alguma coisa daquilo que ando para ali a fazer! Com toda a minha boa vontade expliquei-lhe o problema e a solução, à qual ele reagiu tombando freneticamente a cabeça sobre os seus ombros. Para quem não sabe, esta é a maneira de os indianos abanarem a cabeça afirmativamente... para quem não está habituado, à primeira vista, parece que o gajo está a ouvir o "Cai Neve em Nova York" do José Cid, mas eu, como já passei por esse período de aprendizagem, já nem estranho.
Voltando à história... depois de lhe ter esclarecido a questão e de ter aquela sensação de satisfação de quem ajudou um colega, o Manish, 20 segs depois, veio ter novamente comigo para fazer uma outra pergunta que mostrava claramente que não tinha percebido nada daquilo que eu lhe tinha acabado de explicar. Este é um dos problemas principais dos indianos, dizem que sim a tudo mesmo quando pensam o contrário...

Mais uma vez expliquei-lhe o problema, desta vez mais devagar e usando a aplicação que estava no meu monitor como exemplo... Enquanto estavamos a discutir o problema (sem grande sucesso!), reparei que sempre que o Manish apontava e "dedava" o meu monitor fazia-o sempre com o dedo médio asteado, isto é, adoptando a posição tipica de mandarmos o pessoal para o c%#$lhinho! Não apenas por uma mão, mas tanto com a direita como com a esquerda, o meu monitor estava a ser violado!!! Quem me conhece sabe que estas situações desconcentram-me e em vez de estar atento ao que o nosso amigo estava a dizer, estava a simplesmente a seguir os seus dedos a aterrar no meu monitor. Juntando o ridículo da situação à minha mente idiota, passados 15segs cheguei àquela fase em que só apetece rir, mas que um gajo tenta disfarçar bocejando, coçando o lábio, olhando para o lado ou então fingindo que se está a rir de algo que está a acontecer na mesa do lado.

No fim disto tudo e passados mais de 20mins fui incapaz de esclarecer o meu colega e infelizmente, a verdade é esta, muitos indianos são pouco qualificados e apenas são colocados no mercado por serem mão-de-obra barata o que na maioria das vezes não significa qualidade.

Mas nem tudo é mau, ao longo destas experiências consegui desenvolver algumas amizades e partilhar conhecimentos, tais como mostrar-lhes que Portugal não fica em África, que em Portugal existem pessoas mais claras do que eu e que existem outras comidas para além do caril. Por outro lado fiquei fã do conceito de casamento indiano em que na cerimonia de casamento o marido ata uma corda à mulher (estilo trela!) e fiquei a saber que não é razão para alarme quando pessoas são esmigalhadas por elefantes, roubadas por macacos ou sufocadas em templos indianos!

Ora aqui está bom um exemplo de troca de cultura entre povos!

Sunday, October 12, 2008

Suécia 0 - 0 Portugal

Hoje foi dia de jogo Suécia - Portugal. Através de uma associação de portugueses na Suécia consegui 2 bilhetes, um para mim e outro para o meu "flatmate" (companheiro de apartamento soa um bocado gay....) australiano, Sam. Hora e meia antes do jogo apanhamos o metro e fomos para o estádio. Perdidos no meio da multidão segui o cântico "olé, olé e esta merda é toda nossa, olé" para encontrar a secção e entrada dos adeptos portugueses. Passada uma meia hora estavamos dentro do estádio, numa das bancadas laterais do estádio de Solna.

Na Europa existem 2 tipos de emigrantes portugueses. O primeiro, é aquele tipo como eu que saiu há pouco tempo de Portugal, principalmente de Lisboa, que em geral é mais pacato e com idade compreendida entre os 25 e 35 anos. Expressões como "fixe" e "boa onda" são normais e bem entendidas. O outro emigrante saiu de Portugal há 30 anos atrás, geralmente vindo do norte do país e que aínda traz a cultura dos anos 70! Se falarmos dos "Morangos com Açucar" pensa que estamos a falar de algum filme da Bo Derek e tem a grande felicidade de não saber quem é o José Castelo Branco ou a Lili Caneças.

Atrás de mim estava um grupo dos tais emigrantes dos 30 anos atrás, 2 deles munidos de bigode à Artur Jorge e todos eles não dispensaram de um bucha de pão com queijo ao intervalo. Durante o jogo, muitas vezes gritavam "Nej!", reagiam ao que era dito em sueco nos microfones do estádio e ainda pensavam que o Fernando Meira era jogador do Benfica. Estes e tantos outros cantaram por 2 ou 3 vezes "olé, olé e quem não salta é lampião, olé" (prova a minha teoria da quantidade de tripeirada que emigrou) e ao intervalo ainda conseguiram contagiar grande parte dos emigras a cantarolar o malhão malhão!

À minha frente estavam suecos misturados com portugueses. Alguns deles eram portugueses que estavam a levar os seus filhos (já nascidos na Suécia) ao futebol e dos que vi, todos os putos vestiam a camisola de Portugal, mas além de falarem sempre em sueco, também gritavam "Sverige" e excitavam-se quando a Suécia criava uma ocasião de perigo. De assinalar é algo que o Sam constatou... Haviam muitos tipos portugueses com suecas, mas nunca portuguesas com suecos... Ele, além de ver o jogo, estava distraído a tentar confirmar a teoria da mulher portuguesa com bigodaça, algo que tenho que falar num post futuro.

Por falar em senhoras, há que salientar que a moldura humana feminina era bastante agradável.... Muitas louras de uma qualidade bastante respeitável espalhadas pelo estádio, de certo uma distracção para quando estava algum jogador lesionado no chão. (reparem que tive que me conter para usar uma linguagem cortês, porque o que apetece dizer é que as suecas são boas para caraças e que todo o homem devia ter direito a uma sueca).

Algo que se diz e eu confirmo é o facto de os emigrantes sentirem Portugal de uma forma bastante intensa e o momento de cantar o hino nacional foi um momento arrepiante.
Quanto ao resultado, 0-0, infelizmente há pouco a comentar...

Sunday, October 5, 2008

De volta

Tinha feito a promessa que apenas voltaria a escrever num blog meu quando o Benfica ganhasse um campeonato, mas como o Benfica não ajuda e como tudo o que digo nem sempre é verdade, aqui estou eu de novo a adiocinar mais uns bytes de lixo ao mundo dos blogs!

Foi uma decisão difícil escolher o que iria escrever neste primeiro post, mas simplesmente decidi começar por escolher uma situação que me aconteceu 2 dias atrás, no dia do jogo Benfica-Nápoles.

Não sei se acontece o mesmo com vocês, mas sempre que estou à frente de um espelho e de preferência sozinho, gosto de fazer caretas, imitar outras pessoas ou então em dias de jogo do Benfica, gosto de fazer de conta que faço parte da claque e sussurro "Força Benfica!" para o espelho ao mesmo tempo que levanto a minha mão esquerda e a direcciono para a frente (cuidado para não confundir com saudações germânicas). Tudo isto com uma expressão agressiva na minha cara como se quisesse desfazer o adversário em migalhas! Até aqui tudo normal (?), mas poderá ser algo embaraçoso caso sejam surpreendidos no meio de um "Força Benfica" em plena casa de banho sueca!

No meu trabalho, tal como em toda a Suécia, as casas de banho são individuais, ou seja aqui não existem paredes decoradas de urinois e como tal não tenho que me preocupar em esconder o meu microfone dos olhos alheios do tipo do urinol vizinho! Assim, quando se entra na casa de banho, fecha-se a porta e tudo corre bem, a excepção aconteceu esta 5a feira quando fui à casa de banho apenas para lavar as mãos e por ser algo rápido e que não exige privacidade, não fechei a porta...
Depois de lavar as mãos, seca-las e dar um toque no meu cabelo (!), decidir fazer um "Força Benfica!" exactamente no momento que um sueco (felizmente não o conheço) abriu a porta pensando que a casa de banho estava livre! Não sei se ele se apercebeu o que é que se estava a passar ali, mas o gajo apenas disse "urskta" (desculpe em sueco) e pirou-se dali o mais depressa possível!

Obviamente que fiquei embaraçado, não por ter sido apanhado no meio de um "Força Benfica!", mas porque provavelmente o gajo não ouviu o "Benfica!" e deve ter pensado que eu era um fã do Hammarby :)